2012: Na perspectiva de um caminho que possibilite a qualidade na Educação; na escola Burity.

A Escola Municipal Profº Luiz Gonzaga Burity, inicia o ano letivo de 2012, com o desenvolvimento de dois distintos e importantes projetos; "Aprender a fazer cultura e Esporte na Escola" - com aulas extra classe de canto, música, dança, teatro, futsal e vôlei, este projeto visa uma melhor interação do aluno com a escola, com o aprender.
Já o Projeto "Aprendendo e ensinando: o conhecimento em construção", é uma atividades parceira do projeto citado inicialmente, mas se resume ao princípio do ensinar a ler, escrever e contar. Coloca o aluno diretamente ligado ao conhecimento teórico científico. Este espaço permitirá que o aluno participante vença as problemáticas evidenciadas no primeiro momento do projeto, e identificados na Provinha Burity. Veja informações em link abaixo...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Paulo Freire, defensor da justiça e do professor...

Por : Glaucileide Oliveira
Se faz fato que Paulo Freire não é visto com bons olhos por muitos professores licenciados e até mesmo por alguns pedagogos, relatos de que a teoria é uma, e a prática é outra, se tornam atualmente um símbolo marcante nos discursos de expressão quando em debate se enfoca a realidade atual das salas de aulas. É possível ouvir:
  Seria bom Paulo Freire na minha sala!
As teorias de Paulo Freire não servem!
Paulo Freire não ministra aulas aqui!
Paulo Freire só veio para dificultar nosso trabalho!
Mesmo entendendo que o professor hoje enfrenta muitos desafios, e as suas angustias reverenciam um pedido de socorro em prol da educação, é preciso enxergar que há equívocos nos discursos a cerca das teorias freirianas. O teórico em questão tornou-se não só na história, mas também na prática um grande contribuidor e conquistador de vitórias em defesa do professor e do próprio sistema de ensino. Para muitos defensor da justiça!
Paulo Freire foi professor e secretário de educação, nestas práticas, sempre fez valer suas teorias, algo que merece respeito de todos os seus correlegionários (profissionais da educação). 
O texto abaixo resume alguns dos seus pensamentos, conquistas e ideais, deste modo, comente após a leitura sua opinião a respeito deste grande educador . 



Paulo Freire: o educador-pedagogo;

É atuando no mundo que nos fazemos. Por
isso mesmo é na inserção no mundo e não na
adaptação a ele que nos tornamos seres
históricos e éticos, capazes de optar, de
decidir, de romper (Freire. 2000: 90).
Paulo Reglus Neves Freire, conhecido no Brasil e no exterior somente como Paulo Freire, nasceu em Recife, Pernambuco, estrada do Encantamento, nº 724, em 19 de setembro de 1921. Filho de Joaquim Temístocles Freire e Edeltrudes Neves Freire, menino pobre, que aprendeu a ler e escrever em casa, com sua mãe, na sombra de uma mangueira, com palavras do seu mundo, tendo  o chão como quadro-negro e gravetos como giz (Freire. 2001: 15). 
Paulo Freire iniciou sua trajetória como educador muito cedo.  Foi diretor e, em seguida, superintendente do setor de Educação e Cultura do SESI (Serviço Social da Indústria), em Pernambuco, durante 10 anos (1947/1957).  Ao sair da prisão, após ficar detido 75 dias, durante o golpe militar, em 1964, precisou exilar-se no exterior, ficando 15 anos fora do país. Ao retornar ao Brasil, assumiu a Secretaria da Educação de São Revista Eletrônica “Fórum Paulo Freire” Ano 1 – Nº 1 – Julho 2005
Paulo, tendo como meta prioritária, educar para a libertação. Em 1993 foi incluído na lista dos candidatos ao Premio Nobel da Paz, assessorou governos de diversos países da América Latina, Ásia e África.   Paulo Freire acreditava na educação dialógica entre a leitura e a mudança da sociedade, convivendo com o antagônico e dialogando com o diferente. Acreditava, também na educação recíproca em que educador e educando ensinam e aprendem mutuamente. A metodologia freireana tinha como meta educar homens e mulheres no seu contexto histórico, com palavras do seu meio e significado para os educandos.  Quando se dirigia aos educadores, chamava a atenção para que esses oportunizassem uma educação prazerosa, em que o educando fosse participante do processo do conhecimento e não mero receptor de conteúdos. A prática do ensino dos conteúdos jamais poderá ser desvinculada do ensino  do pensar certo. Deve, também, promover a desacomodação, pois a acomodação é a expressão da desistência da luta pela mudança e a liberdade, segundo ele, é um parto doloroso (Freire, 1987:35).
Como prova da sua eterna indignação com as injustiças sociais, na última entrevista que concedeu à TV PUC, poucos dias antes da sua morte, já doente, Freire disse:
Eu morreria feliz se visse o Brasil, em seu tempo histórico,
cheio de marchas.  Marchas dos sem escola, marcha dos
reprovados, marcha dos que querem amar e não podem, marcha
dos que se recusam a uma obediência servil, marcha dos que se
rebelam, marcha dos querem ser e estão proibidos de ser... As
marchas são andarilhagens históricas pelo mundo.
 
Principais Características do pensamento de Paulo Freire
O pensamento freireano surge da sua percepção do ser humano e do mundo. Vê no homem e na mulher seres de relações que respondem aos desafios para criar e recriar um mundo de cultura adaptando-o as suas necessidades.
 Freire era um educador comprometido com a educação popular e a definia como um espaço de mobilização, organização e capacitação científica e técnica, em que o conhecimento do mundo é feito através das práticas do homem, de acordo com as suas necessidades de sobrevivência no meio em que vive. Segundo ele, educação popular e mudanças sociais andam juntas. Revista Eletrônica “Fórum Paulo Freire” Ano 1 – Nº 1 – Julho 2005
 Uma entre tantas características do pensamento desse educador nasce da sua prática, tendo como princípio as experiências,  surpresas, alegrias e tristezas do cotidiano. O meu ponto de vista é dos “condenados da terra”, o dos excluídos (Barreto, 1998:53).  Criticava a malvadeza do neoliberalismo possuidor de uma ideologia fatalista em que não permite aos desvalidos da sorte, o sonho e a utopia como fomentadores da esperança.   Freire é considerado o filósofo inaugural da pedagogia crítica. Na Pedagogia crítica a evolução progressista do pensamento educacional, como revolucionário, nunca abandona o sonho de uma transformação radical do mundo. Ele não concebia a idéia de diálogo na ausência  dum profundo amor pelo mundo e pelas pessoas.  Freire vislumbrava a emancipação dos homens e mulheres através da educação. Para ele, educar significava conscientizar as pessoas do direito de dizerem a sua palavra e do seu papel de fazedores da própria história em  lugar de ficarem como meros espectadores. 
Ele acreditava também na educação recíproca em que educador e educando ensinam e aprendem constantemente. Só educadoras e educadores autoritários negam a solidariedade entre o ato de educar e o ato de serem educados pelos educandos (Freire,
2001:27).
 Para Freire educação é o compromisso do profissional desta área em fazer dela um instrumento de mudança na sociedade, através da reflexão e da ação do educando.  A qualidade que Freire considerava fundamental no educador era gostar da vida.
Pregava uma pedagogia democrática, reveladora das injustiças das mentiras ideológicas em que o educando tinha o dever de brigar pelo direito de participar da escolha dos conteúdos aprendidos por ele. Via o amor como uma tarefa do sujeito, portanto não acreditava na educação sem amorozidade. 
  Quanto à utopia que Freire cita tantas vezes em sua obra, evoca uma ação cheia de esperança histórica. Uma ação crítica como possibilidade humana para, através da educação, concretizar uma mudança social radical e libertadora rompendo com o sistema opressivo objetivando a transformação da realidade. Utopia é prospectiva do que ainda não existe e que impulsiona o homem em direção à luta por um futuro mais humano visando à integração da própria consciência a consciência do outro. A educação é uma busca que pressupõe esperança. Não há educação sem esperança. Foi com esse Revista Eletrônica “Fórum Paulo Freire”
Ano 1 – Nº 1 – Julho 2005 Pensamento inovador que Freire contribuiu para a educação no mundo e, principalmente, a brasileira. 

 Contribuição do pensamento de Paulo Freire à educação brasileira
Um dos principais objetivos do Plano Nacional de Educação é a melhoria da qualidade do ensino, cuja meta somente será viável através da valorização do magistério. Essa intenção estende-se à formulação das propostas e projetos pedagógicos das escolas, dos conselhos escolares quanto à elaboração do plano de carreira e da remuneração dos educadores. 
Formar mais e melhor os profissionais do magistério é apenas uma parte da tarefa. É preciso criar condições que mantenham     o entusiasmo inicial, a dedicação e a confiança nos resultados do trabalho pedagógico... Salário digno e carreira de           magistério entram, aqui, como componentes essenciais para a                     
Qualificação do ensino (PNE, 2001:137).
Um dos maiores desafios do Plano Nacional de Educação se refere à qualificação dos educadores e, para isso, é preciso que o Poder Público se mobilize no sentido de tornar viável a solução desse problema. A implantação de políticas públicas na formação inicial e continuada dos professores é uma das condições para o avanço e para o desenvolvimento científico e tecnológico do país uma vez que a produção de conhecimentos depende do nível de qualidade na formação dessas pessoas.
 Tendo em vista a melhoria da qualidade do ensino necessária ao acesso da cidadania e a inserção nas atividades produtivas indispensáveis ao crescimento constante do nível de vida da população nacional exige um comprometimento da nação nesse sentido, uma vez que os educadores exercem um papel fundamental no processo educativo. 
 Já a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, se refere à formação de professores da seguinte forma: educação continuada para os profissionais da educação de todos os níveis, promovida pelos sistemas de ensino, valorizando estes educadores e assegurando-lhes, de acordo com os termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério, o aperfeiçoamento profissional continuado inclusive com licenciamento periódico remunerado, piso salarial e condições adequadas de trabalho para este fim. Revista Eletrônica “Fórum Paulo Freire”
Ano 1 – Nº 1 – Julho 2005.
A progressão funcional se baseará na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho dos educadores, com períodos reservados para estudos, planejamento e avaliação, inclusos na carga horária com condições adequadas de trabalho. 
É de fácil percepção os pressupostos defendidos por Paulo Freire na legislação brasileira. A sua contribuição torna-se evidente na preocupação demonstrada com a formação permanente dos educadores, valorização do magistério público, salários mais justos aos profissionais da educação, espaços físicos mais adequados, etc..

Um comentário:

  1. Maria Neumanne Almeida Nery da Silva4 de dezembro de 2011 às 14:38

    Realmente, muitos não conhecem os trabalhos de Paulo Freire e, por isso, comentam desrespeitosamente e até debocham, o que é uma pena. Talvez, se buscassem conhecê-lo, tivéssemos um número maior de pessoas com mais vontade e mais humanizadas nos seus fazeres, e, consequentemente crianças e adolescentes mais felizes.
    Devemos promover espaços diferentes de aprendizagens, sair das quatro paredes escolares, desafiar nossos educandos vindo a explorar suas inteligências, talentos e capacidades, que por muitas vezes preferem a internet, às ruas, os desafios cotidianos extra sala de aula, e, estão esperando que os desafiemos com atividades diferentes, inovadoras e dinâmicas e serem protagonistas dessas atividades. São importantes os livros, o quadro e o giz e/ou lápis? Sim, são! Mas, esses recursos por si só são insuficientes, cansativos e entediantes.
    Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia questiona: “Por que não discutir com os alunos a realidade concreta que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a constante e a convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida? Por que não estabelecer uma necessária “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles tem como indivíduos? Por que não discutir as implicações políticas e ideológicas de um tal descaso dos dominantes pelas áreas pobres da cidade? A ética de classe embutida neste descaso? A escola tem alguma coisa a ver com isso? A escola não tem partido e/ou não deve ter partido, ela tem que trabalhar os conteúdos associando-os ao cotidiano dos alunos. Aprendidos, estes operam por si mesmos”(1996, p.33-34).
    Percebo muita gente avaliando muita gente e pouco se autoavaliando e se esquecendo do verdadeiro ser gente.
    Consciente da minha imperfeição jamais perderei a esperança em viver a cada dia um novo dia e busco companhias de pessoas críticas, pesquisadoras, humilde, de bom senso, tolerante, alegre, curiosa, esperançosa, competente, generosa, imperfeita, mas com disponibilidade para ajudar, para educar com vontade, paciência, determinação e acima de tudo também molhadas pela esperança. Um abraço. Neumanne Nery.

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